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Netflix I AM MOTHER - Avaliação e final explicado

  • Foto do escritor: Carlus
    Carlus
  • 7 de jun. de 2019
  • 7 min de leitura

Atualizado: 8 de jun. de 2019


Netflix I AM MOTHER - avaliação

Finalmente estreou no Netflix o thriller de ficção científica I am Mother, adquirido em Sundance pela empresa no inicio do ano. Mas se o queres ver porque gostas da Hillary Swank vais ficar desiludido. E se o vais ver porque te faz lembrar 2001 ou Alien, também te vai desiludir. E se estás à espera de um filme de fição científica, eu também acho que não vais gostar.

I AM MOTHER é a estreia de Grant Sputore na realização e conta a história, acima de tudo, do "chegar à vida adulta" de uma menina e todos os "exames" que ela teve que passar para ser, provavelmente, a mãe mais importante da história do nosso planeta.

Podes ver a minha avaliação em vídeo aqui:



Algo apocaliptico aconteceu no nosso planeta e a nossa história começa numa estação na qual foram armazenados 63.000 embriões, onde estão depositadas a nossa esperança de sobrevivência. A gerir a estação está um andróide que desperta apenas um embrião e o faz daí nascer um bébé. Ao som da música de Dumbo e Edith Piaf, vemos o androide a criar o bébé e a educá-lo com carinho e cuidado. O androide é calmo, ponderado, focado na educação mas também na liberdade de expressão e opinião da criança, e tem a voz calma e doce de Rose Byrne. Pode nos fazer lembrar o MU-TH-UR 6000 de Alien, na altura com a voz de Helen Horton, mas este é mesmo maternal.Por isso, no filme se chama de Mãe.


Netflix I AM MOTHER - avaliação


E a criança, é chamada de Filha. Somos transportados para a sua chegada à idade adulta, pois a Filha tem agora os seus 20 anos (e é interpretada por Clara Ruggar). A Mãe continua a educá-la com carinho, com o focus muito grande na moral, ética e conhecimentos de medicina. E regularmente faz lhe exames aos seus conhecimentos (todos eles desafios de ética) e tenta garantir que ela tem sempre uma nota alta. A Filha é também apaixonaada pelas artes (vemos ela a dançar várias vezes) e também pelos Tonighs Show (regularmente assiste a gravações curiosamente todas elas dos anos 70-80). Mas ela é também curiosa por perceber o que se passa fora da estação e em sente cada vez mais vontade de ter companhia, principalmente um irmão. A Mãe diz lhe que apenas despertou um embrião pois ela própria está a aprender na sua programação a ser mãe, e por isso ainda não é a altura. Conta que ela foi criada pelo ser humano com o unico objectivo de garantir o futuro da raça humana e que, para isso, precisa de garantir que sabe fazer bem tudo (e nunca o conseguiria fazer se despertasse muitos embriões). E, claro, diz que ela não pode sair da estação pois pode ser infectada com algo que lá fora existe e destrui todo o planeta. A filha é mesmo assim curiosa e vai progressivamente tentanto chegar lá fora. Recordam-se que vos tinha falado que este filme era, primeiro, um "coming of age"! Pois em segundo ele é um filme sobre clausura.

Numa das aproximações ao exterior, ela ouve uma voz a pedir ajuda do exterior. Descobre que afinal existe alguém lá fora. É o primeiro contacto dela com algum ser humano e a primeira vez que percebe que a Mãe não lhe diz a verdade. Ela imediatamente a deixa entrar e somos introduzidos a Hillary Swank, uma Fugitiva. Ela diz viver nas minas com um grupo de sobrevientes e tem, acima de tudo, medo das máquinas. Ela conta-lhe que as máquinas são o inimigo e que mataram milhares de humanos e que a estavam a perseguir e tentar matá-la a ela (daí a ferida de bala). Em tudo esta personagem faz-me lembrar a Sarah Connor. Desorganizada, exaltada,em constante fuga e em pânico com as máquinas.

Netflix I AM MOTHER - avaliação

Mas também lhe fala das pessoas que vivem nas "minas", incluindo jovens da idade dela, o que cria ainda mais na Filha a vontade de descobrir o mundo e encontrar os amigos e "irmãos" que lhe fazem falta.

Quando a Mãe descobre a existência da nova pessoa, a principal preocupação dela está em garantir que a ferida da bala é curada e não ataca a Fugitiva. Mas a Fugitiva só aceita ser tratada pela Filha. E no decorrer desta fase, ela vai dando formas á Filha de descobrir que a Mãe lhe está a mentir e que é perigosa. A prova maior surge quando a Filha descobre que não é o primeiro embrião, mas sim que já tinham sido despertados outros embriões mas que alguns anos depois (pelas imagens 5-6 anos) foram mortos e queimados pois as suas notas nos exames não eram positivas. Somos lembrados que a Mãe é uma máquina e, por isso, não tem sentimentos, apenas objectivos.


Netflix I AM MOTHER - avaliação

Esta revelação despoleta na Filha necessidade de fugir da estação. Mas é quandos se prepara para fazer isso que a Mãe decide que é a altura de despertar mais um embrião, um irmão para ela. A Filha acaba por se quase "obrigada" a fugir pela Fugitiva da estação. A chegar fora da clausura ela descobre que o mundo está totalmente desvastado. A unica vegetação existente são uns campos de cereiais que foram colocados há 6 meses (um unico sinal de estão a plantar comida para uma população maior no futuro). Quando chega ao esconderijo da Fugitiva, descobre que ela não vivia numa "mina" com uma comunidade, mas sim sozinha num contentor junto ao mar. Conta-lhe que tinha deixado as minas faz muitos anos pois os humanos estavam a fazer crimes horríveis a eles próprios. É claramente uma desilusão para a Filha aquele local pois não tem as pessoas que ela procurava....nem tem o Tonigh Show. A Filha percebe que a Fugitiva também lhe mentiu e volta para a estação (não sem antes passar por vários andróides que curiosamente não a atacam). Aí ela confronta a Mãe pela verdade, e ela explica os seus objectivos. Ela é uma consciência única criada pelo homem para salvar a humanidade, e que está em todos os andróides e máquinas. Ou seja, todos os horrores que os outros androides faziam fora da estação são parte da mesma consciência que o androide Mãe tinha. A humanidade como estava tinha destruido o planeta completamente (o que é verdade pelo que vemos lá fora) e que da estação iria sair a Humanidade 2.0 que iria ser educada e formada para ser melhor e mais inteligente. E que a função dela era de nesta estação fazer nascer esta nova humanidade. Mas que nesse processo tinha que eleminar os embriões que não estivessem ao 2.0 e que finalmente o tinha conseguido com ela. O filme termina com a Filha a destruir a Mãe, mas com a aceitação dela, dando a entender que a sua educação tinha terminado com sucesso. Ela Estava concluido o seu processo de aprendizagem e aquela tinha sido a sua ultima prova. Ela é agora a mãe do 2º bébé da estação, que já será criado por um humano versão 2.0 e o inicio da nova humanidade.

O androide deixa de ser necessário, e então a consciência da Mãe é vista a ir visitar a Fugitiva no final, com o objectivo de cuidar dela também, mantendo-se útil.

Avaliação (3/5)

I AM MOTHER funciona com muito poucos recursos o que prejudica o filme.

Toda a história acontece e circula entre 3 personagens toda elas diferentes.

A Mãe tem a voz serena de Rose Byrne. Mesmo nos momentos de tensão, ela é calma e equilibrada e sempre carinhosa. Até mesmo quando ela tem que correr ela é pacifica caminhando sem agressividade (fazendo também lembrar um Tom Cruise mais gordinho a correr no Missão Impossível). Rose Byrne traz bem a sua voz, dando personalidade ao androide. E visualmente, o Androide está muito interessante com imensos pormenores que o tornam pacifico mas misterioso ao mesmo tempo, tal como o filme pede.

Netflix I AM MOTHER - avaliação

Já a Fugitiva interpretada por Hillary Swank é o oposto. Nervosa, agressiva e desiquilibrada. Mas aqui toda a personagem parece desorganizada também. Como quase tudo que nos conta no filme é mentira, fica a faltar perceber melhor quem ela é e de onde vem. Será que ele também é um embrião? Se é rebelbe o que afinal aconteceu? Porque vive sozinha com um cão? Esta ausência de profundidade é provavelmente o motivo porque o filme tira muito pouco partido de uma actriz do nivel de Hillary Swank. Ela conseguia fazer muito melhor, mas aqui por ser uma Linda Hamilton com pouco carisma!

E no centro está a Filha, calma mas também rebelde e muito bem interpretada pela jovem Clara Ruggar (que antes práticamente só a tinhamos visto em Teen Spirit). Ela é uma combinação das duas "mulheres do filme" e consegue trazer interesse em grande parte história. Notável tendo em conta que muitas das vezes ela é a única pessoa em cena.


Netflix I AM MOTHER - avaliação

Um dos pontos mais fortes do filme é como ele joga com o que o espectador vai pensando ao longo do filme, sem nunca lhe dizer o que ele deve pensar. Estamos constantemente a pensar no que será que existe lá fora, se o androide é bem ou mal intencionado e o que vai acontecer a seguir. O alternar regular da banda sonora mais agressiva para mais calma é uma das ferramentas que usa para alterar emoções no público. O outro é a caracterização de Clara e Hillary, com cortes de cabelo e aspectos muito similares que nos fazem várias vezes pensar se são irmãs ou até mãe e filha.

Mas infelizmente o filme denota a imaturidade do realizador e o baixo orçamento quando decide sair da estação. O que até ao momento tinha sido um filme de ritmo lento e espaçado, onde o espectador tinha tempo para assimilar e até mesmo imaginar, passa para um ritmo muito mais rápido com muito informação a ser "atirada à nossa cara". Demasiadas reviravoltas (que já me parece ser obrigatório nos filmes do Netflix) forçam a que o final seja uma experiência fraca. A não ajudar está também o facto de a qualidade da produção (principalmente os cenários) baixar muito nas filmagens fora da estação! Mesmo muito!


I AM MOTHER funciona então muito bem como história de "coming of age" mas muito mal como filme de fição científica sobre um cenário apoliptico e ainda menos como um novo filme da fantástica Hillary Swank.


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