Servant - Análise episódios 1 a 8
- Carlus
- 10 de jan. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de jan. de 2020
Servant é uma série que pertence ao novo serviço Apple TV +, mas ainda mais do que isso é a estreia em TV do famoso realizador M. Night Shyamalan.
Como já seria de esperar, a série está repleta de mistério, segredos por revelar e muito para compreender. Até hoje, estão disponíveis os primeiros 8 episódios (sai um por semana às 6feiras).

E sinto-me como já é um clássico quando se trata de uma boa obra deste realizador: ansisos por saber mais mas também cheios de medo do que é realmente a revelação que ele tem reservada para nós.
Esta é uma boa razão para subscrever o serviço, ou pelo menos para aproveitar o primeiro mês grátis. A outro é The Morning Show.
O que me faz gostar de Servant:

Ele é uma referência para quem gosta do género do fantástico, mistério, terror e mais. É dententor de umas das obras-prima de referência para todos: Sixt Sense, mas também de muitos outros títulos muito sólidos (como a triologia Split, Unbreakable, Glass), embora também de algumas falhas (como o Last Airbender).
E sempre que ele tem algo novo, eu tenho interesse e quero perceber e conhecer melhor. Sabemos que vamos ter algo com uma estética própria, que nos vai desafiar constantemente, que vai contar uma história e que vai nos provocar no final. De todas as histórias possíveis, em Servant ele regressa ao contexto de Sixth Sense, que é sempre o que mais me interessa: o de uma família, do impacto do trauma, como as pessoas lidam com isso, e de como saber a verdade num mistério pode não ser a opção mais feliz, mas a inevitável.
2. A história e as personagens

Nesta série a história centra-se num casal e a sua família, num contexto urbano e mundano normal mas em que vivem de uma situação de trauma. Ambos têm vidas profissionais muito evoluídas (ele é um destacado Chef, e ela uma reportar para o canal de tv local) e passaram por um trauma muito grande recentemente quando o seu bébé de 18 meses morreu. O impacto neles é obvia mas nela levou-a para uma situação de depressão muito profunda. A única forma de conseguir tirar Dorothy de esta situação foi colocar um boneco igual ao seu filho em casa para a fazer acordar da depressão. E funcionou. Ela adoptou como se fosse ele, e acredita que ele é real. Acaba até por contratar uma ama para o bébé para voltar a trabalhar. Surge então a "Servant", Leanne, uma menina do interior de 18 anos que vai viver para a casa com eles e alinha no "jogo". Obviamente a situação é inquietante para o marido e o irmão dela (os únicos que também sabem da situação).
E sim, tem semelhanças com a premissa do The Boy, mas segue um rumo muito diferente.
Aqui tudo fica ainda perturbante quando a ama se comporta como se o boneco fosse real e muitíssimo mais quando, no dia seguinte, acordamos para ver que o boneco agora era um bébé real! E depois somos confrontados com o bem que ele traz a todos e o de errado que aquilo tudo tem.
O que mais me fascina na história é a tristeza combinada com o mistério. São dois ingredientes que jogam bem comigo, principalmente se à tristeza existe os elementos urbanos e a perda associada ao amor, e ao mistério existe o puro mal a manipular (a minha cena de cinema mais preferida de sempre é a cena final de Se7en que combina estes dois ingredientes na perfeição).
Em Servant, no final do episódio 8 estão todos segredos para revelar: como morreu o bébé, quem é realmente a ama, porque o boneco passou a ser real, e vários mais que vão aparecendo.
3. O formato da série
O formato em série, com episódios de 30 minutos, a sair 1 episódio por semana é o mais cativante para o género. Episódios curtos, misteriosos e com uma estética própria, que evoluem muito lentamente na histório não são o normal nas séries actuais, mas o adequado neste género de histórias. A cada episódio é acrescentado um mistério, que não é resolvido e agrava a situação. No episódio seguinte, um novo é adicionado, mantendo-se o anterior lá, e não sendo resolvido neste episódio também. E ao final de 8, o acumular de mistérios já é desconfortável.
As personagens são como nós. Levadas pela história, com medo de confrontar os mistérios e progressivamente mais angustiadas. Nenhum episódio fecha com uma revelação (ao contrário de como hoje em dia se faz), apenas mais dúvidas.

4. A música
Aqui M. Night Shyamalan parece ter ido buscar inspiração ás mais recentes tendências, principalmente aos sons inquietantes que Ari Aster usa em Heriditary e Midsommer. Todos os sons são misteriosos, assustadores e até incómodos.
O compositor Trevor Gurecki diz que o objectivo foi, acima de tudo, criar algo esquisito.
Tenho um pressentimento que a partir deste episódio o mistério vai se revelar, mas isso só vamos descobrir amanhã.
Até lá fica a angustia e o medo do que vem aí, pois este é momemto chave nas obras de M. Night Shyamalan: Será que vamos saber a verdade? Quem é realmente a Servant? Vamos ficar destroçados e chorar como em 6th Sense? Ou completamente desiludidos e perdidos no final? Seja qual for, a desilusão seria ainda maior se a resolução ainda se arrastar mais ou ficar adiada para uma 2ª temporada.
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