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Solum - Avaliação - 2/5

  • Foto do escritor: Carlus
    Carlus
  • 6 de mai. de 2019
  • 4 min de leitura

SOLUM puderia ter sido muito melhor, e não era complicado de o ser. O mais dificil estava conquistado.

Ora quando se trata de um filme português a estrear o cinema, na avaliação começa com pelo menos +0,5pts de vantagem.

Então para a avaliação de Solum terminar num 2/5 isso significa um 1,5 na realidade.

Se isto fosse na escola, ele teria acabo de chumbar.

Ao sair da sala, fico com acima de tudo com muita pena. Pois o filme puderia ter sido muito melhor, e não era complicado de o ser. O mais dificil estava conquistado.


"o filme puderia ter sido muito melhor, e não era complicado de o ser. O mais dificil estava conquistado."

Solum conta a história de 6 concorrentes a um reality show os quais são abandonados numa ilha com o objectivo de ganhar um jogo. Solum é uma produção nacional e mais podes saber sobre o filme no meu anterior artigo de antevisão.


Ora está claro na influência de Solum filmes como Hunger Games, Maze Runner, Matrix, Total Recall e Watchmen, entre outros. Tem a vontade de ser um produto de fição científica, algo práticamente único no cinema nacional.


Solum conquista o mais dificil dado o enquadramento. Ao olhar para o projecto da primeira vez, existiu um conjunto de "Oh Não!" imediatos.

- Oh não é falado em ingles!

- Oh não é com pouco orçamento

- Oh não é filmado em portugal


E surpreendentemente, isso não é um problema.

Os actores nacionais falam um inglês perfeito e o elenco consegue interpretações de um nível muito profissional.

Apesar de ser de produção independente, o filme tem acesso a recursos que não são usuais no cinema português, incluindo cameras de nivel muito avançado, excelente captação de audio dos diálogos, uso de drones e sequencias em movimento bem filmadas.

Igualmente, ter sido em Portugal é o grande ponto forte. Efectivamente os Açores no grande ecrã dão um cenário magnifico para o filme, quer no seu lado verdejante, quer no seu lado "apocalíptico". Os meus parabéns pela parceira com o turismo dos açores.


Onde o filme falha é nos básicos, básicos os quais não podem ser de alguma forma justicados por falta de recursos. O filme exigia mais planeamento e mais profissionalismo. Obrigação de quem consegue ter acesso a tantas salas e faz o filme para o público (e não para os financiamentos do ICA)


Em primeiro, o uso do score (banda sonara instrumental) é feita de forma abaixo de amadora. Creio que nem um aluno de cinema do 1º ano do seu curso iria fazer tão mal.

Básicamente a produção obtou por comprar um conjunto de músicas em lojas de "royalty free", o que não vejo como problema pois são de grande qualidade, onde escolheram todas do catálogo "épico e cinematográfico" sem aparente grande critério.

Vejam aqui a música principal do filme (caso a queiram comprar para usar numa produção vossa)

https://www.premiumbeat.com/search/they%20come%20for%20us

Como resultado o filme tem de inicio ao fim, um "score" de características épicas, não sincronizado com os momentos do filme. Em cenas de mera deslocação das personagens, o filme usa um score com tambores e violinos (o tipico score épico para as cenas de ação).

Fez me lembrar um documentário que a SIC produziu sobre o 25 de Abril (Hora da Liberdade) em que usou música do Hans Zimmer

RESULTADO: Cansaço do espectador que é estimulado em excesso e quando chega as sequencias de ação não tem impacto. Ou seja, obtiveram os recursos mas não os souberam usar.


Depois, o argumento não foi bem planeado pois não conta bem a história. Os primeiros 30 minutos do filme são desperdiçados. Nesses vemos as personagens a iniciar o concurso na ilha, mas em vez de através deles irmos percebendo as regras do jogo, as motivações e como o mesmo pode ser vencido, vemos um circular entre 6 personagens em monologos sem interesse. Quando mais tarde o filme quer fazer reviravoltas e trazer surpresas, o argumento ainda não estava bem construido. Ou seja, faltou mais planeamento no argumento e na evolução e construção do enredo e das personagens. Uma excelente ideia de enredo geral (o mais dificil) mas mal executado. Vou usar com exemplo duas sequências:

a) Somos apresentados a meio do filme com um teórico vilão. Básicamente uma das pessoas da ilha que está a tentar matar todos os concorrentes. Apesar do seu porte, ele demora a convencer como uma verdadeira ameaça. Primeiro porque não é estabelicido com vilão e é lançado de imediato em ação. Depois está munido de um arco e flecha mas nunca acerta uma unica vez, logo não ganha credibilidade como vilão. Ora, se tinhamos uma personagem que morre no inicio do filme, porque não ter sido ele?

b) Mais a diante as personagens descobrem que apenas um deles pode sobreviver, e que será o que ficar vivo no final. Para garantir que a personagem da Catarina sobrevive, um dos concorrentes comete suicidio/sacrificio no final. Mas, ele tem uma com uma relação normal com ela. Porque o fez? Qual a motivação? Alguns minutos antes o marido dela tinha morrido. Não teria causado mais drama trocar a ordem das mortes?


Finalmente, o filme coloca o próprio filme em problemas. Se algo é obvio que o filme não ia conseguir ter é efeitos especiais de alto nivel. Ora o que a história tem que fazer é escolher opções que garantam que a execução técnica é infalível. Querer iniciar o filme com uma sequência de uma explosão nuclear, mas não conseguir mostrar nada disso (e apenas ter uma miuda a mudar de expressão), não cria impacto.

Os efeitos especiais na primeira morte são muito mal executados.

O motivo não é não ter recursos, é não saber fazer as escolhas. Escolhas inteligentes na história que se ajustem ao orçamento e capacidades instaladas.


Em sumário, para o espectador, Solum não vai trazer nada de entusiasmante e temo que não vá conseguir abrir a porta do cinema comercial de entretenimento para mais produções nacionais.

E digo isto como já tinha referido, com muita pena, porque o mais difícil já estava conquistado.

E até digo mais, gostava que não desistissem por causa desta crítica. Porque gostava de ver mais, e quando vier, irei apoiar como fiz, ir ao cinema e ver, e depois avaliar.


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